A Dr.ª Helena Oliveira, médica nas Clínicas CUF, e o Dr. Diogo Cruz, internista no Hospital de Cascais, estiveram presentes na mesa-redonda com a temática “Guidelines, consensos e normas”, no XXIX Congresso Português de Aterosclerose. Em entrevista, partilharam a sua perspetiva da questão central da discussão.
A especialista em Medicina Geral e Familiar referiu que o debate versou a dificuldade no controlo dos doentes e em alcançar os objetivos propostos, mesmo com os meios científicos disponíveis e com a abundância de informação na sociedade atual.
Segundo a Dr.ª Helena Oliveira, a falta de tempo é a principal causa de insucesso numa relação entre médico e o doente, nomeadamente no desenvolvimento dos processos de acompanhamento.
“Para que haja uma boa relação entre médico e doente, não basta apenas a qualidade da relação, mas também a quantidade, sendo o tempo essencial”, explica a médica.
“Vivemos numa sociedade com escassez de tempo, onde se quer tudo rápido e imediato, o que vai contra aquilo que é o trabalhar a relação”, acrescenta, afirmando que no decorrer da sessão foram também apresentados outros elementos que dificultam a eficácia do trabalho dos clínicos, como a mediação de recursos, a coesão nas orientações, a gestão de expectativas do doente não coincidir com a do seu médico, entre outros.
“Temos clara e vasta evidência de que controlar os doentes é benéfico”, destaca o Dr. Diogo Cruz, em entrevista. O especialista destacou as principais mensagem-chave na sua intervenção “Em pleno séc. XXI e ainda não conseguimos atingir os alvos”.
Através de um estudo, o especialista partilha que “cerca de 33% dos doentes estão dentro dos alvos”, tendo sido debatido o que deve ser melhorado. A sua intervenção passou ainda pelo debate entre “a estratégia para iniciar a terapêutica combinada vs. monoterapia, em que claramente se começa a apontar para a terapia combinada, apesar das guidelines a dizerem para fazer a monoterapia step by step”.
A adesão dos doentes a esta terapia é também muito importante, sendo que “essa adesão passa por uma relação médico-doente, que deve ser próxima e frequente”. A criação de uma relação de confiança entre ambos é essencial.